sábado, junho 14, 2008

Evariste Sob Dibo, o Pequeno Artista


Sob Evariste Dibo é um nome carregado de simbolismo, alma e magia.
Arte em estado puro. Pureza em estado artístico. A leveza do ser futebolístico em pura comunhão com os quatro elementos.

Um artista é na maioria das vezes um incompreendido, um pária da sociedade. Um sonhador utópico desligado daquilo que nos mantém como parte da engrenagem que faz funcionar esta grande máquina a que chamamos (Nuno) Sociedade.

Qual tigre de papel numa selva urbana, o sonhador costa-marfinense assentou arraiais na frondosa vila Condal sem saber muito bem o que o esperava. Colocado por Clark Gable numa posição mais recuada no terreno, o pequeno fantasista era como um belo peixinho dourado num baço saco de plástico. Claro que queria deslumbrar casas de banho por esse planeta fora num pomposo aquário...e tinha potencial para o fazer. Mas preso num saquinho de plástico poderia apenas rezar para que o resgatassem do anonimato e o despejassem em algo melhor.
Sendo que apenas existiam duas opções - a sanita ou o aquário - Sob não demorou a escolher a segunda. E em boa hora.

Assim que se encontrou solto de amarras, o Pequeno Artista assumiu a camisola 10 como uma segunda pele, pousou a alva tela sobre o cavalete, sacou os pincéis do bolso do equipamento (mesmo por baixo do "O" da palavra "RECHEIO") e pintou.

Pintou.

Pintou o céu, tocando-lhe com dois dedos. Dois dedos de conversa, dois dedos de prazer, dois dedos de imortalidade, uma mão de Vata. Em poucos segundos, o Céu Futebolístico era Marco de Canaveses e Evariste Sob era Avelino Ferreira Torres. O Céu Futebolístico era o Texas e Dibo era Walker, o Ranger.
Carte Blanche para o inevitável encontro com o destino para um jantar a dois. A ementa? Magia.

Evariste Sob, o Pequeno Mágico, pintava. Pinceladas de criatividade, perícia e maestria em tons de verde-alface, que contrastavam com a palete de tons acinzentados que Baíca, China, Emanuel ou Luís Coentrão emprestavam ao meio-campo vilacondense. Os adeptos exultavam perante um diminuto Miguel Ângelo negro que todos os fins-de-semana lhes oferecia um pouco mais da sua própria Capela Sistina.

Porém, todas as belas histórias têm o seu final. Todo o Batman tem o seu Joker, todo o Armando Sá tem o seu Cândido Costa e todo o Vale e Azevedo tem o seu tribunal. Sob Evariste?
Tinha algo bem mais grave. Uma nemesis, que não sendo exterior, fazia parte de si mesmo. Como qualquer bom artista que se preze, o costa-marfinense distraía-se com relativa facilidade. O seu calcanhar de Aquiles eram mesmo os aeroportos.

Raramente apanhava o vôo que lhe era destinado, dada a facilidade com que se perdia nos amplos corredores destas gigantescas construções vanguardistas. Observava os bifes e os camónes embarcando em vôos para o Algarve, via emigrantes felizes em Agosto e Dezembro fugindo de Paris para o Sá Carneiro sob a égide triunfal de Graciano Saga, o Dinis da música popular portuguesa.

E por ali ficava. Ocasionalmente sentava o seu mágico traseiro no chão e pintava o rebuliço das gentes, em troca de uma sandes de requeijão ou um CD de Hall & Oates. O seu vôo? Uma memória distante apenas. O que interessava era o nascer de uma nova vida sob a forma de uma folha de papel enrugada com uns rabiscos a lápis. E quem o poderá culpar? Não será o RECHEIO de carne picada deste pastel de chaves que é a vida feito destes momentos de abstracção e alienamento que nos levam a descobrir quem afinal somos?

Quem é afinal Evariste Sob Dibo senão um artista?

7 comentários:

Gabriel disse...

o encantador do estadio dos arcos!

Anónimo disse...

MAGIAAAAAAA

Anónimo disse...

sinto-me completo.
uma referência ao nuno sociedade.

Anónimo disse...

Mais um magistral post em profundidade para uma eventual desmarcação de um qualquer N'Gaal.

Anónimo disse...

Eu também me sinto completo.
Uma referência ao Armando Sá!!

(Fitzx, para quando Camberra??)

Anónimo disse...

Sob Evariste passou passas do ALLgarve ja mastigadas por Hajry!!

Ombrear com Camberra e Gamboa não é para qualquer um!

Hercúlea tarefa te reservaram Evariste...

Mas tu subiste esse Everest Evariste! O pior é que depois rebolaste cá para baixo...

Uma rodada de minis, que eu de Sepsi não gosto!tem muito gás...

Abraços a Calilas para todos.

Ivo

João Borges disse...

Foi o maior, dos maiores magos que passaram pelos arcos!!!Valia a pena o bilhete só para o ver...GRANDIOSO!!!

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